Casa do Ribatejo 65

Casa do Ribatejo 65
Casa do Ribatejo 65

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Confraternização 29 outubro 1961 Reportagem Fotógrafo:Nuno S Costa

Confraternização 29 outubro 1961 Reportagem                                                Fotógrafo:Nuno S Costa

Brito Soares, Parreira, Esposa, Maria José,....
 Profs Quelhas e Ferrão. Manuel Chaveiro, Carlos Saraiva, João Durão, Diamantino, João Lourenço, Margarida
Prof Quelhas discursando

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Nossos professores: Raul Cabral, Caldeira Cabral e D. Miguel Pereira Coutinho

Nossos professores: Raul Cabral, Caldeira Cabral e D. Miguel Pereira Coutinho




JUBILEU AGRONOMIA 1961 Colegas presentes Fotógrafo:Francisco Freire

JUBILEU AGRONOMIA 1961 Colegas presentes                   Fotógrafo: Francisco Freire
29 de outubro de 2011, na Pateira da Tapada da Ajuda

De pé, da esquerda para a direita: Lourenço d'Orey, Fernando Amaral Neto, Tomás Lima Mayer, Dias Coutinho, Boavida Canada, Manuel Paiva e Sousa, José Máximo Brito e Castro, Isabel Corte-Real, José M. Bual,Margarida D. S.  e Castro, Francisco Pires da Cruz, José Lampreia, Manuel Chaveiro Soares, Madalena Palha Gaio, J. Silva Isabel, L. Palma Calado, Jorge Baptista, Fernando Brito Soares, A. Amaral da Silva , Filipe Colaço, M. Ermelinda Lourenço, Aurora C. C. Lourenço, Alvaro Rasquilho, Conceição Costa Neves, esposa Abílio, Carlos Frazão, Miguel Amado, Leonor Cabral, João Lourenço, Diamantino Coelho Rebelo, Luís Gusmão, António D. Cardoso e esposa, Nuno S. Costa, João Durão.
Sentados: A. Serra Campos, L. Rasquilha Abreu, João Falcão, Rui Proença, J. Silva Parreira, M. Antónia Bravo, Maria José Viana, Esposa Parreira, Luísa B. S. Soares, Regina Gusmão, Abílio Santos Silva, Luís Pires, Gabriel G. Gonçalves, Luís A. Barroso, Francisco N. Freire, A. Baptista de Mello, José V. Courinha, José M. Caliço, António Sequeira Mendes, J. Constantino Sequeira, J. M. Cunha Silveira, J. Alves Ribeiro, Luís Corte-Real.


Colegas presentes:


Abílio Santos M. Silva
António  C. F. T. Serra Campos
António Jorge Baptista Pereira
António José Moreira Dias Coutinho
António M Baptista Mello
António Manuel Dias Cardoso
António Paulo Sequeira Mendes
Aurora  Conceição Costa
Álvaro Vieira Nascimento Rasquilho
Carlos M. P. Saraiva Frazão
Diamantino Inácio Coelho Rebelo
António Amaral da Silva
Fernando Júlio Viana de Brito Soares
Fernando Magalhães Amaral Neto
Filipe Maurício Colaço
Francisco Pires da Cruz
Francisco Ribeiro Nogueira Freire
Gabriel Guerreiro Gonçalves
João Carmo Lourenço
João Luís Gomes Durão
João Noronha Falcão
João Silva Boavida Canada
Joaquim A. Silva Isabel
José  Silva Parreira   
José Alves Ribeiro
José Bernardino Lampreia
José Constantino Sequeira
José Luís Salgado Antunes Barroso
José M S Brito e Castro
José Manuel Garcia da Costa Bual
José Manuel Jardim Cunha  Silveira
José Manuel Rodrigues Caliço
José Vieira Lopes Courinha
José Venâncio Machado (virtual)
Lourenço Albuquerque d’ Orey
Luís Gerson Reis
Luís Gusmão
Luís Manuel Mascarenhas Corte-Real
Luís Pires
Luís Ribeiro Costa Palma Calado
Luís Teles Rasquilha  Abreu
Manuel A Chaveiro  Sousa Soares
Manuel de Paiva e Sousa
Maria  Ermelinda Vaz Lourenço
Maria Antónia  Conceição Bravo
Maria Conceição A C N S Botelho
Maria José Barreira Ribeiro Viana
Maria Leonor M Barros Cabral 
Maria Luísa G Brito dos Santos
Maria Madalena Pereira Palha Gaio
Maria Margarida Dias Silva
Miguel Amado
Nuno Maria Sousa Costa
Regina Gusmão
Rui Nunes Proença
Thomás Maia Lima Mayer
Tomás Henrique G de Morais

Em memória dos colegas contemporâneos

Encontro da turma ISA 61 e contemporâneos       29 outubro 2011                    11 h  Missa
Listámos os que nos lembrámos mas certamente que faltam alguns. Todos serão lembrados!


Em memória dos colegas contemporâneos

António  Eduardo e Silva Martins Adão
António Fernando Costa Farinha           
Carlos Alberto Marques  Cruz Rosa
Edgar Baptista Lopes de Sousa Pieto     
Eduardo Nuno Larcher Marçal Gonçalves
Edwin José Baptista Agnelo Fernandes
Fernando José Cabral Picão Caldeira 
Francisco José B. Teixeira Coelho
Fernando Pereira Figueiredo e Silva
Francisco António Rosado Barreto Caldeira
Francisco de  Paula  de Sá Perry Vidal     
Ingrid Almeida
João Manuel Brandão Cardoso Pessoa
José Hermano Brum de Sousa Dourado 
José João Correia Gaspar de Barros 
Manuel Maria Anjos Costa Macedo
Maria da Assunção Rebelo de Andrade  Cabral
Maria Julia Martins da Costa Pinheiro
Maria Leonor Viseu Fernandes
Nuno  Augusto Monteiro Lopes
Orildo dos Santos Carriço
Osvaldo Guerra Rodrigues
Osvaldo de Oliveira Cruz   
Victor Manuel Gomes Rocha  

RECORDAR É VIVER. MAIS EPISÓDIOS CÓMICOS

O MARQUÊS DE POMBAL  E OS  JESUÍTAS
Na cadeira de Patologia Vegetal  tivemos algumas lições sobre vírus de plantas que eram ministradas pela Dr.ª Maria de Lourdes Borges, na Estação Agronómica Nacional em Oeiras. Como éramos poucos alunos, os professores Raul Cabral e Pinto Ganhão levavam-nos nos seus carros até Oeiras e, no fim de cada lição, traziam-nos de regresso ao ISA.
Numa dessas viagens, ao chegarmos a Oeiras, território em tempos  pertença do Marquês de Pombal que, como é sabido, era também Conde de Oeiras, um dos nossos colegas que ia no carro do Prof. Raul Cabral, talvez porque a viagem tivesse sido muito silenciosa,  resolveu quebrar o  silêncio e  perguntar ao Prof. Raul Cabral se sabia o que tinham uma vez escrito na estátua do Marquês em Lisboa. Como o Prof. nada tivesse dito, ele então exclamou:-  Marquês, Marquês,  salta cá para baixo porque estão cá os Jesuítas outra vez! E soltou umas sonoras gargalhadas.
O Prof. Raul Cabral não esboçou o mínimo sorriso e, como o nosso colega tivesse achado estranho  o  Prof. Cabral não ter dado também uma gargalhada, perguntou aos colegas que com ele vieram no carro se havia alguma razão para isso. Então um deles perguntou-lhe:
- Por acaso reparaste naquele pequeno emblema  que o Prof. Cabral tem no casaco? Se não sabes, ficas a saber que é o emblema que usam os alunos Jesuítas!
O nosso colega ficou “branco” e, um ou dois dias depois,  foi relatar o caso ao Prof. Ganhão, perguntando angustiado:
- Acha que o Professor Raul Cabral me vai “chumbar” por isto?
O Prof. Ganhão riu-se à gargalhada e disse: 
-Não pense nisso! O Professor Cabral tem um grande sentido de humor, embora não pareça.


CHEQUE-MATE!
Durante o tempo em que frequentei o ISA, além dos matraquilhos e do ténis de mesa, jogava também xadrez. Havia nessa altura um colega fanático pelo xadrez que trabalhava no Laboratório de Patologia Veríssimo de Almeida. Era o Botelheiro, figura típica que frequentava o bar e estava sempre a desafiar os colegas para uma partida de xadrez. Numa das vezes em que joguei com ele consegui  ganhar-lhe e, desde essa altura,  não descansou enquanto não me levou a inscrever-me no Sporting, onde ele também jogava. Pelo contacto com os outros jogadores da equipa de xadrez, soube de uma situação caricata, protagonizada pelo nosso amigo Botelheiro.
Decorria um encontro entre o Sporting e um outro clube de Lisboa e, num dos tabuleiros, jogava o Botelheiro. A partida estava muito equilibrada mas qualquer dos jogadores  estava na iminência de levar cheque-mate. Então, a dada altura, o Botelheiro com ar de triunfo, faz uma jogada que deixa o adversário com uma cara de grande espanto e a pensar longamente.
Ao fim de muito tempo, o Botelheiro diz-lhe, com ar de comiseração:
 - É escusado pensar mais meu amigo porque vai ter cheque-mate na próxima jogada.
 Aí o adversário exclama:
- Pois vou, mas você vai ter cheque-mate já! Cheque-mate!!!
O Botelheiro ficou petrificado! Tinha mesmo perdido o jogo...

O ATRASO
Protagonizada ainda pelo Botelheiro, e numa sessão de xadrez do Sporting Club de Portugal, presenciei uma outra situação que levou todos os circunstantes a soltarem umas boas gargalhadas.
Aconteceu durante o campeonato de equipas de xadrez de Lisboa onde eu jogava num tabuleiro e o Botelheiro noutro. A nossa equipa jogava, salvo erro, contra o Ateneu Comercial de Lisboa.
Às 21 horas, quando os jogos deveriam principiar, estavam todos os jogadores convocados à excepção do Botelheiro. As partidas principiaram à hora marcada e o adversário do Botelheiro fez o 1º lance, ficando o relógio a contar. 
Passou meia hora e o Botelheiro sem aparecer. O seccionista estava nervoso porque, segundo o regulamento, qualquer jogador perderia o jogo por falta de comparência, se ao fim de uma hora não aparecesse.
Passaram-se 45 minutos e nada de Botelheiro. Tudo indicava que ia mesmo perder o jogo por falta de comparência.
Eis senão quando, um ou dois minutos antes de se esgotar o tempo, aparece o Botelheiro!...
O seccionista indica-lhe rapidamente o tabuleiro onde ia jogar e, com "cara de poucos amigos" pergunta, qual tinha sido a razão de semelhante atraso, que nunca tinha acontecido.
Então o Botelheiro com o ar mais natural deste mundo, aponta para os pés e diz:
-Sapatos novos...
Realmente, até à sede do Sporting, na Rua do Passadiço, onde funcionava a secção de xadrez,o Botelheiro fazia a parte final do percurso a pé e, nessa noite, teve a infeliz ideia de calçar sapatos novos...

A BOLEIA 
Numa outra sessão de xadrez, desta vez num campeonato interno do Sporting, o Botelheiro estava o jogar uma partida que parecia interminável. Todos os outros jogos já tinham terminado e aproximávamo-nos da 1 hora da manhã, altura em que os jogos que não estivessem terminados teriam que ser adiados.
A situação estava muito equilibrada mas o Botelheiro recusava-se a pedir empate de jogo porque lhe parecia ter algumas possibilidades de ganhar. Por seu lado, o adversário pensava o mesmo e também não pedia empate.
Então, uns 4 ou 5 minutos antes da 1 hora, aparece o porteiro que queria fechar as instalações e pede para terminarem o jogo o mais rapidamente possível. O Botelheiro pede-lhe para aguardar um pouco, porque o jogo estava praticamente no fim. O porteiro diz que não podia esperar porque, para ir para casa, tinha de apanhar o eléctrico e o último era dali a meia hora. Como o adversário do Botelheiro tinha carro, e nenhum dos dois queria adiar a partida, logo se ofereceu para dar uma boleia ao porteiro. Este aguardou mais 10 ou 15 minutos mas, impaciente e a olhar para o relógio, disse que já se estava a fazer tarde e que tinham mesmo de acabar o jogo pois não podia esperar mais tempo.
O Botelheiro, um pouco irritado com a insistência, diz: 
-Não ouviu dizer que lhe vão dar boleia até casa?
-Sim, diz o porteiro, mas olhe que eu moro no Alto de S.João!
Então o Botelheiro diz:
-Ó homem! Descanse que, se for preciso, até o levamos ao jazigo!...




José Constantino Sequeira

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Um dia fomos a Borba....14 dezembro 65

Um dia fomos a Borba....14 dezembro 65
 
FOTO- BORBA 14 dezembro 65
 
Legenda da Leonor Cabral
 
1ª Fila : Jordão;Serra Campos;Magalhães Serpa; Suspiro;Eng Godim; Pepe;Tomás;Amaral Neto; Caliço.
 
Outras Filas: Pires da Cruz;Lima; Morato; Rui Vieira;Gois; Sequeira Mendes;Pessoa; Canejo;Parreira;Cavaco Henrique;Biscaia;E. Rangel Vieira; Direitinho;Xico Borba;Barroso; Gama Pinto;Eng Barbosa( o dono); Prof Cincinato da Costa; Manuel S Soares; Brito Soares; Diamantino Rebelo; Menino Jesus.

Prof. Joaquim Pais de Azevedo

       


Originário de uma família ribatejana muito ligada à terra, cedo se
interessou pelos problemas da agricultura, em particular pela pecuária, à
qual, uma vez concluído o Curso de Engenheiro Agrónomo no Instituto
Superior de Agronomia, viria a dedicar toda a sua carreira profissional.

Em 1939 entrou para a Estação Agronómica Nacional onde desenvolveu
intensa actividade de investigação no Departamento de Genética, tendo
também trabalhado na mesma áea, durante certo tempo, na Estação de
Melhoramento de Plantas em Elvas.
Em 1951 ingressou, mediante concurso para Professor Extraordinário
do 8.º Grupo de disciplinas (Zoologia Agrícola, Zootecnia Geral e Especial),
no Instituto Superior de Agronomia, tendo ascendido, também por
concurso, a Professor Catedrático em 1958, onde se manteve até atingir o
limite de idade.
Convicto de que as raças eram o produto do meio em que se desenvolviam,
em particular da alimentação de que dispunham, daí resultando
diferentes necessidades nutricionais, realizou importantes trabalhos no sentido
de melhorar os sistemas alimentares dos animais em Portugal, tendo
fundado, em 1957, o Laboratório de Estudos de Nutrição Animal, do qual
foi Director até 1975.
Foi um grande impulsionador das culturas pratenses e forrageiras, as
quais sempre considerou fundamentais para o progresso da pecuária de
ruminantes e da agricultura nacional, tendo dedicado uma boa parte dos
seus esforços à promoção e desenvolvimento destas culturas, sempre apoiado
por vários trabalhos de investigação aplicada que, com tanta dedicação
e entusiasmo, concebia e acompanhava.
Como Professor, as suas aulas tinham sempre grande brilho, despertando
nos seus alunos elevado interesse pelas matérias que ensinava, nas
quais incluía frequentemente aspectos de aplicação prática, no sentido de
melhorar a situação do agricultor português. Além disso, soube criar, junto
dos seus alunos, um sentimento de colaboração leal e aberto, que muito se
veio a reflectir na formação de verdadeiros colaboradores seus, que em
vários pontos do País deram notável contributo para o desenvolvimento das
culturas forrageiras e pratenses e da pecuária nacional. Por outro lado, o
seu grande poder de comunicação e trato afável grangearam-lhe o respeito
e a admiração de muitos agricultores portugueses, junto dos quais foi um
verdadeiro divulgador.

Fonte:http://www.sppf.pt/rubricas/PF_16.pdf

Prof. Joaquim Quelhas dos Santos

JOAQUIM QUELHAS DOS SANTOS, natural do Fundão,nascido em 1930, é actualmente professor Catedrático Jubilado do Instituto Superior de Agronomia.
Licenciado em engenharia agronómica naquela Escola da Universidade Técnica de Lisboa, nela começou a exercer funções docentes, com assistente, há 52 anos, tendo ascendido sucessivamente, sempre através de concursos, aos lugares de Professor Agregado, Professor Extraordinário e Professor Catedrático.

Foi o responsável pela criação e leccionação, no Instituto Superior de Agronomia, das disciplinas de Nutrição Vegetal e Fertilidade dos Solos, e de Fertilizantes e Fertilização; e do Curso de mestrado em Nutrição Vegetal, Fertilidade dos solos e Fertilização, cuja coordenação também sempre esteve a seu cargo.

Nestes domínios, alargados desde há cerca de 30 anos aos problemas associados às relações entre a Fertilização e o Ambiente, prestou colaboração ao ensino nas Universidades dos Açores, do Algarve, de Évora, de Trás-os-Montes e Alto Douro, e Nova de Lisboa, bem como a todas as Escolas Superiores Agrárias do País.

Foi consultor, durante cerca de 30 anos, de Empresas adubeiras, exercendo a atividade na condução de ensaios tendentes a estudar a mais correta utilização dos fertilizantes; na realização de cursos, palestras, seminários e redacção de artigos; e, durante 4 anos, no programa radiofónico «Diário Rural.
É autor de vários livros, 3 deles publicados pela Editora Europa-América (de entre os quais se salienta o que tem por título «FERTILIZAÇÃO: Fundamentos da utilização dos adubos e dos correctivos»); e de mais de uma centena de trabalhos de investigação e, ou, de divulgação.

Participou, quase sempre na qualidade de coordenador, em mais de uma dezena de Projetos de I&D situados, sobretudo, no domínio do tratamento e utilização, como fertilizantes, de diversos efluentes e resíduos de caráter poluente.

Atualmente, aguarda a publicação a 4ª edição, revista e ampliada, do seu livro de maior divulgação - «FERTILIZAÇÃO: fundamentos da utilização dos adubos e dos correctivos» – e, sobretudo na sua qualidade de membro das comissões científicas da Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo e da Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens, e de presidente do conselho científico da Sociedade Portuguesa de Ciências Agrárias de Portugal, continua a colaborar em diversos eventos de divulgação de novos aspetos do uso dos fertilizantes, nomeadamente no que se refere às suas possíveis relações com alguns parâmetros usados na apreciação da qualidade do ambiente.

Novembro de 2011

(Adaptado a partir do que existe no no24, pág.534, da Enciclopédia Luso- brasileira VERBO)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Professor João de Carvalho e Vasconcellos (1897-1972)

 Professor João de Carvalho e Vasconcellos (1897-1972)

Nasc. 1897; Aux. 1931; Cat. 1944;Jub. 1967;Fal. 1972

Prof José Eduardo Mendes Ferrão

Prof José Eduardo Mendes Ferrão

Um dos que nos ensinou....

Um dos que nos ensinou ....

Prof. Zózimo João Pimenta de Castro Rego nasceu em  Lisboa em 29 de Março de 1924. Em 1942 entrou no Instituto Superiorde Agronomia (ISA), tendo terminado o Curso de Engenheiro Agrónomo em 1948 com 16 valores, obtendo 19 valores no Relatório Final. Posteriormente frequentou com aproveitamento todas as cadeiras e cursos de Engenheiro Silvicultor. Em 1952 tomou posse do lugar de Assistente do 4°  Grupo de Disciplinas do ISA, tendo a seu cargo aulas práticas de Mecânica Racional, Topografia e Construções Rurais e em 1953 do lugar de engenheiro  agrónomo de terceira classe do quadro da Direcção Geral dos Serviços Hidráulicos onde colaborou, entre outros, nos estudos do Plano de Rega do Alentejo.Em 1961 passou a ocupar o lugar de Professor Extraordinário do 4° Grupo de Disciplinas do ISA, tendo sido nomeado em 1969 Professor Catedrático. De 1979 a 1983 desempenhou a função de Vice-Reitor da Universidade Técnica de Lisboa, tendo a partir  dessa data retomado funções no ISA, até 1991, ano em que se reformou. Foi membro do Centro de Estudos Florestais, do Centro  de Estudos de Engenharia Rural no ISA, do Grupo de Estudo das Cheias na Região da Grande Lisboa. Foi  ainda Vogal da Comissão Portuguesa de Rega e Drenagem.
Colaborou no ensino da Hidráulica Geral e Agrícola nas Universidades de Trás-os-montes e Alto Douro, dos Açores e de Évora. P r o j e c t o u   o b r a s   d e   a d a p t a ç ã o   a o   r e g a d i o ,  nomeadamente nivelação de terras e redes de rega e drenagem e barragens.

Já lá vão 50 anos! cheios de histórias para contar....

Caros Amigos,

Já lá vão 50 anos!!cheios de histórias para contar e que no Sábado teremos
ocasião de por a agenda em dia e relembrar aqueles fantásticos anos em que
vivemos intensamente naquela magnifica instituição que é o
Instituto
Superior de Agronomia
.
A companhia não poderá ser melhor, o menú promete e corri o grande risco de
oferecer como complemento o vinho para o almoço.
É um vinho tinto, com 14º,que há 50 anos dificilmente se conseguia, chama-se
Subsídio, mas não vem de Bruxelas, é genuinamente Alentejano e não tem
cortes no Natal.
Para quem quiser mais detalhes, junto a ficha técnica mas bom a valer é no
copo.

Um abraço e até Sábado

Thomaz

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Professor Branquinho de Oliveira

Quando relatei alguns episódios curiosos sobre o Professor Branquinho, não dispunha de nenhuma fotografia para ilustrar o texto. No entanto, sabia que tinha uma fotografia e consegui encontrá-la.
Foi tirada pelo colega Gil Corte, talvez em 1967 ou 1968, numa visita ao Monte dos Alhos, uma propriedade do Alentejo, onde a Estação Agronómica Nacional tinha alguns ensaios instalados.
Aqui fica para a posteridade esta fotografia do Prof. Branquinho e de sua mulher Dr.ª Maria de Lourdes Oliveira.

José Constantino Sequeira

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Menino ou Menina por João Lourenço

Menino ou Menina por João Lourenço 
Ponderei, várias vezes e hesitei, se deveria dar à estampa a descrição do episódio seguinte, por considerar que, eventualmente, pudesse ser considerado, por parte de algumas colegas, uma brejeirice.
Ainda assim, tendo em conta uma certa liberalização de costumes  em que vamos vivendo, acabei por não resistir à tentação de relatar estes factos, ocorridos na década de sessenta.
Talvez para me desculpabilizar, lembrei-me que, já no início do século XX, época muito mais moralista, Trindade Coelho no seu livro In illo Tempore, contou da vida estudantil, episódios ainda mais picantes.

                             xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Os dias decorriam com o tempo repartido entre as aulas, a cantina, um pouco de actividade desportiva e uns momentos de cavaqueio, na esquina do Albuquerque, um café onde alguns tomavam esta bebida e a maior parte se juntava só para passar uns momentos a conversar sobre os temas mais variados.
Aquele local passou a ser designado como a esquina da má língua e era vulgar as raparigas que caminhavam por perto, quando se apercebiam do enxame estacionado no Albuquerque”, fazerem um desvio e passarem ao largo.
Dos inúmeros temas abordados, estou a lembrar-me que numa das vezes, a seguir ao jantar, um grupo assistia a uma espécie de discussão sobre os factores que determinavam o sexo de uma criança. A conversa prendia a atenção dos circunstantes porque a maioria ou frequentava ainda a cadeira de Genética ou já tinha feito o seu exame.
Embora fosse generalizado o conhecimento de que a determinação do sexo humano dependia da forma como se juntavam os cromossomas sexuais X e Y, originando um menino quando se juntavam XY ou menina se ocorria XX, o colega Vicente dissertava sobre este tema. Não me lembro do apelido deste Vicente para o distinguir de outros dois colegas também Vicente (o Vicente desportista, que jogava rugby e futebol e o Vicente associativo o José Nunes, que reencontrei mais tarde na EPAC).
Pois o Vicente que nessa noite perorava na esquina do Albuquerque, defendia muito seriamente a sua razão da diferenciação sexual que não se filiava na teoria dos cromossomas XX e XY.
Extrapolando o conhecimento da existência dos genes dominantes e dos genes recessivos, arrastou este conceito das dominâncias para outras áreas e afirmava com muita convicção, que se originava menino ou menina consoante tivessem sido dominantes a acção e o fervor paterno ou materno no desempenho sexual, que dava origem à criança. Assim se o pai tivesse exercido uma acção emotiva e fisiológica predominante, isto é, mais fervorosa, saía rapaz, se fosse ao invés saía rapariga.
Este conceito, de início provocou apenas uma leve risada porque se pensou que o Vicente estivesse a parodiar. Mas o seu ar sério e a sua expressão de quase vítima de insulto pela gargalhada produzida, levaram o grupo a ouvi-lo mais atentamente durante alguns minutos mais.
A dada altura, aproximou-se o célebre ribatejano Alcobia, uns anos mais velho que a maioria da malta (forcado, jogador de rugby, amigo da paródia que levou longos anos a tirar o curso). Com o seu ar pachorrento, bonacheirão, resguardado no seu corpanzil de cento e tal quilos, disse gozando, mas com ar muito sério:
-“Não subestimem a teoria do Vicente com essas risadas”.
Devemos ter o espírito aberto às hipóteses que nos possam parecer as mais estranhas. Eu também tenho a minha teoria, diferente da consagrada combinação dos cromossomas X e Y, embora divergente da teoria do Vicente. A justificação para mim é esta:
-“Se quando se encomenda a criança o pai põe pouca lenha no forno, este aquece pouco, sai rapaz. Se põe muita lenha, aquece demasiado o forno, o pão sai rachado, logo é menina”.
Rebentou um trovão de gargalhadas.
O Vicente, “chateado” que nem um peru, rumou para casa.
(Será que o Vicente já sabia, nessa altura, que, quando a temperatura média da areia onde estão em incubação os ovos das tartarugas, atinge determinado valor nascem fêmeas e, ao contrário, abaixo desse valor médio, os nascituros são machos?)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Fotos Legendadas Instituto Superior de Agronomia

Na antiga Biblioteca do ISA  estudavamos tanto....
Frontaria do Edifício principal do ISA  .Gastámos as escadas de tanto as subir....
E a Rampa da Asneira . Que canseira!

Sala dos Actos do ISA

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

AS INCRÍVEIS PERIPÉCIAS DO PROFESSOR BRANQUINHO


O Professor Branquinho de Oliveira nasceu em 1904 e faleceu em 1983. Foi um aluno distinto em Agronomia, fez o seu doutoramento em Cambridge e realizou importantes trabalhos de investigação sobre a ferrugem alaranjada do cafeeiro. Entre 1942 e 1947 foi professor no Instituto Superior de Agronomia, funções que deixou de exercer por razões políticas. Passou então a trabalhar na Estação Agronómica Nacional onde foi Chefe do Departamento de Fitopatologia até 1972.
Por ter feito o meu estágio de Agronomia no Departamento de Fitopatologia da Estação Agronómica Nacional, entre 1966 e 1969, tive a sorte e o grande prazer de conviver assiduamente com ele durante cerca de 3 anos. Foi um cientista que me marcou profundamente pelo entusiasmo que tinha pela Investigação e pelas suas qualidades humanas que se revelavam nas interessantes conversas que tinha com todos os funcionários. Acompanhava diariamente os trabalhos em curso e dava-nos muitas vezes conselhos e indicações sobre a melhor forma de realizarmos o trabalho e conseguirmos os objectivos desejados.
Por informação dos colegas que com ele trabalhavam há mais tempo, fiquei  a saber que era frequentes vezes protagonista de episódios cómicos e insólitos.
Seleccionei alguns que me foram contados e outros a que eu próprio assisti.

VISITA À BIBLIOTECA  
A primeira vez que tive contacto com o Prof. Branquinho foi no dia de Carnaval de 1966.
Frequentava então o 5º ano de Agronomia, na especialidade de Fitopatologia e, para a cadeira de Patologia Vegetal,  tinha de fazer um trabalho de pesquisa bibliográfica sobre uma doença do milho. O nosso colega Ascenso Ferreira, que também tinha um trabalho do mesmo tipo para fazer, achou que deveríamos ir à biblioteca do Departamento de Fitopatologia da Estação Agronómica Nacional, Instituição altamente credenciada e onde certamente teríamos oportunidade de encontrar publicações de sobra para realizarmos o nosso trabalho. Analisámos o calendário e chegámos à conclusão de que o dia que mais nos convinha era o dia de Carnaval, por não termos aulas e ser um dia de semana. Eu ainda aventei a hipótese de a biblioteca estar fechada mas o Ascenso foi peremptório em afirmar que as bibliotecas importantes  estavam  abertas todos os dias!
De manhã cedo apanhámos o combóio em Alcântara e seguimos para Oeiras. Fomos a pé da estação de comboio até à Estação Agronómica e, com alguma dificuldade, conseguimos encontrar alguém (talvez um guarda) que nos informou onde era o Departamento de Fitopatologia. Tivemos ainda de andar uns bons 20 minutos e, depois de atravessarmos uma pequena ponte, chegámos a umas estufas contornadas por calhas de cimento, cheias com água e destinadas a impedir a entrada de insectos.
Junto a uma dessas estufas,encontrámos  um senhor com uns grandes bigodes que limpava a respectiva calha. Respondeu ao nosso cumprimento mas, como nada mais disse, continuámos a marcha. Ao fim de alguns minutos, verificámos que não havia mais ninguém nas imediações e não encontrámos nenhum edifício que nos parecesse ser uma biblioteca. Então o nosso colega Ascenso disse-me:- Temos de perguntar àquele homenzinho de bigodes, que deve ser o jardineiro, onde é a biblioteca.
Voltámos atrás e o Ascenso disse para o tal senhor dos bigodes:
- Nós somos alunos finalistas de Agronomia e gostávamos de consultar algumas revistas científicas na biblioteca de Departamento de Fitopatologia. Sabe se está cá algum técnico, de preferência  engenheiro agrónomo, que nos possa mostrar  a biblioteca e indicar onde podemos encontrar as revistas que queremos consultar?
A resposta do senhor de bigodes deixou o colega Ascenso “de queixo caído”:
-Eu sou o Chefe do Departamento! Acha que sirvo????
Passámos o resto da manhã a ver a biblioteca que se encontrava numas instalações modestas junto das estufas. Sob indicação do Prof. Branquinho ficámos a saber quais as revistas e livros de maior interesse para realizarmos os nossos trabalhos. Uma afirmação que me impressionou e que recordo frequentemente, foi a seguinte:- Nesta prateleira estão as separatas de Departamento e naquelas três estão as minhas separatas...


CHÁ COM LEITE OU SEM LEITE?
Este foi provavelmente o primeiro episódio cómico protagonizado pelo Prof. Branquinho.
Quando foi para Cambridge fazer o seu trabalho de doutoramento, foi-lhe dito que era costume todos irem tomar chá à tarde.
No primeiro dia em que foi tomar o chá, uma das senhoras presentes, fez questão de o servir.
Depois de lhe colocar o chá na chávena, preparava-se para lhe acrescentar um pouco de leite, à boa maneira inglesa, mas o Prof. Branquinho recusou dizendo:- Not with milk.
Então travou-se o seguinte diálogo:
- You don´t like milk?
-I like milk but not with tea.
-And which milk do you like best?
Aí a coisa complicou-se porque o leite que o Prof. Branquinho mais gostava era o leite de ovelha e naquele momento não se lembrava como se dizia ovelha em inglês.
Depois de pensar um pouco, recordou-se da palavra: EWE.
Então com ar triunfante e apontando para  a sua interlocutora exclamou: - Milk of ewe!
É claro que a sua exclamação não soou como milk of ewe mas sim como MILK OF YOU!
A senhora parou a conversa, retirou-se discretamente e muito provavelmente  evitou posteriores conversas com o “atrevido” doutorando português...


AGARRA QUE É LADRÃO
Para dar as suas aulas no ISA, o Prof. Branquinho deslocava-se muitas vezes de eléctrico.
Numa dessas deslocações, com o eléctrico apinhado, um gatuno conseguiu tirar um cordão de ouro a uma das passageiras que, no entanto, deu pela falta logo de seguida e gritou: -Roubaram-me o meu cordão! Roubaram-me o meu cordão!
Estava um polícia no eléctrico e imediatamente gritou:-Ninguém sai do eléctrico sem o cordão desta senhora aparecer!
O polícia começou então a pedir às pessoas para mostrarem o que tinham nos bolsos e o gatuno, para não ser apanhado,  colocou o cordão num dos bolsos do casaco do Prof. Branquinho.
Quando o polícia pediu para mostrar o que tinha nos bolsos, o Prof. Branquinho perguntou-lhe: -Acha que tenho cara de gatuno?
O polícia só disse:-Faça o favor de me mostrar o que tem nos bolsos!
Então o Prof. Branquinho tirou vários papeis, chaves, canetas, etc. e, no fim, aparece o cordão de ouro! Ouviu-se logo uma voz feminina gritar: É este! É este o meu cordão!
O episódio acabou na esquadra de polícia onde pela documentação exibida  ficou provado que o preso não era um gatuno mas sim um Professor do Instituto  Superior de Agronomia!!!

O SÓCIO...
Era costume o Prof. Branquinho deslocar-se ao Terreiro do Paço para falar directamente com as individualidades que superintendiam nos assuntos da agricultura porque os problemas colocados por escrito só tardiamente ou nunca eram resolvidos.
Numa dessas deslocações foi informado que a pessoa com quem queria falar só o poderia receber dali a uma hora.
Então, o Prof. Branquinho foi até ao cais das colunas e ficou a olhar o rio Tejo, talvez a pensar como iria apresentar  os problemas que queria ver solucionados.
Eis senão quando, reparou que um homem esbracejava furiosamente no rio e se aproximava muito lentamente do ponto onde ele estava. Achou que seria alguém que tinha caído ao rio e não sabia nadar. Como encontrou nas proximidades um pedaço de corda, imediatamente  tentou socorrer o indivíduo, lançando-lhe a corda e dizendo para se agarrar bem de forma a que o pudesse puxar.
Quando o salvamento estava  a ser consumado, ouviram-se alguns apitos. Apareceram vários polícias que agarraram os dois intervenientes e levaram-nos para a esquadra. Um dos polícias, apontando para o Prof. Branquinho, exclamou: - Este deve ser o sócio!
O homem que o Prof. Branquinho supunha ter caído ao rio não era mais do que um gatuno que a polícia tinha perseguido até ao Cais do Sodré e que se atirara à água para fugir, indo a nadar até ao cais das colunas.

UMA AVENTURA NA ARRÁBIDA
Pouco tempo depois de iniciar o meu trabalho de estágio no Departamento de Fitopatologia da Estação Agronómica Nacional, verifiquei que estava pendurado na biblioteca um rabo de lagarto. Perguntei porque tinham aquele estranho objecto ali pendurado e a Dr.ª Teresa Lucas, micologista do Departamento, disse-me que era uma recordação de uma curiosa peripécia protagonizada, como não podia deixar de ser,  pelo Professor Branquinho.
Num belo dia, o Prof. Branquinho resolveu ir até à serra da Arrábida para colher material. Convidou  algumas das senhoras que trabalhavam no Departamento para irem também, com vista a perfazer-se a lotação do carro da Estação Agronómica. Quem conduzia a viatura era o Sr. Cabaço, motorista da Estação Agronómica que habitualmente era destacado para estas viagens.
Ao chegarem à Arrábida, o Prof. Branquinhio imediatamente se aventurou pelas escarpas da serra, com o entusiasmo que lhe era peculiar, enquanto as senhoras que o acompanharam se mantiveram junto à estrada a observar as plantas das bermas. O Sr. Cabaço permaneceu sentado na viatura, a dormitar.
Ao fim de algum yempo, ouviu-se uma voz a gritar:- Sr. Cabaço! Sr. Cabaço!
Imediatamente todos reconheceram a voz do Prof. Branquinho e correram para o local de onde os gritos vinham. Viram então o Prof. Branquinho com as duas mãos a segurarem qualquer coisa junto de uma das virilhas.
A Dr.ª Teresa Lucas que também estava presente confidenciou-me: - Quando vimos o Prof. Branquinho naquela situação, ficámos “para morrer” pois não fazíamos a mínima ideia do que se estava a passar. E ainda ficámos mais espantadas quando o Prof. Branquinho gritou:
-Minha senhoras! Saiam já daqui porque vou tirar as calças!
Quando todas as senhoras se retiraram, o Prof. Branquinho, ajudado pelo Sr. Cabaço, tirou as calças e dentro delas estava um enorme lagarto que lhe tinha subido por uma das pernas e que o Prof. Branquinho segurava com firmeza.
O lagarto foi morto e o rabo guardado como recordação desta emocionante aventura...

OUTRA AVENTURA NA ARRÁBIDA
A serra da Arrábida era o local de eleição do Prof. Branquinho e foi o local que escolheu para levar duas fitopatologistas brasileiras que visitaram a Estação Agronómica Nacional.
Ao chegarem à Arrábida o Prof. Branquinho logo se aventurou a subir pela serra, esquecendo-se que as suas acompanhantes eram muito mais jovens e tinham mais energia para subirem as escarpas da serra. Aconteceu, por isso que, ao fim de uma longa caminhada, as duas jovens fitopatologistas não denotavam  à chegada quaisquer sinais de cansaço, enquanto que o Prof. Branquinho transpirava em bica.  
Quando todos se juntaram para regressarem, o Prof. Branquinho, ignorando completamente as diferenças de significado de algumas palavras em Portugal e no Brasil, exclamou:
- Safa! Estas duas raparigas são danadas para trepar!
As duas fitopatologistas brasileiras ficaram estupefactas com o que ouviram e, uma delas, disse para o Prof. Branquinho:
- Fique sabendo que nós não somos raparigas e também não trepamos!


O CUCO
Este episódio, segundo creio, passou-se em Abril de 1968, e tive o prazer de assistir a ele presencialmente, uma vez que já  estava a trabalhar no Departamento de Fitopatologia da Estação Agronómica Nacional, como estagiário.
Uma manhã, o Prof. Branquinho veio chamar os técnicos e estagiários que trabalhavam no Departamento para verem um novo hospedeiro que ele tinha descoberto para a ferrugem do cafeeiro, doença que estava a estudar e que constituía um grave problema da cultura do café em vários países tropicais. Juntou um grupo de umas dez pessoas que o acompanharam até à estufa onde tinha as plantas inoculadas.
Durante o percurso começou a cantar um cuco com o seu habitual cu-cu, cu-cu, cu-cu...  Imediatamente o Prof. Branquinho nos mandou calar e parou para escutar o cuco. No fim disse:-Cinco!
Então explicou-nos que na terra dele, sempre que um cuco começava a cantar, as raparigas solteiras paravam para contarem o número de vezes que o cuco cantava e esse número corresponderia ao número de anos que faltavam para se casarem.
Depois da explicação, uma colega que ia no grupo perguntou:
-Professor Branquinho, não percebo bem como é que as raparigas fazem a contagem. O que é que corresponde a um ano? É um cu-cu ou é um cu?
O Prof. Branquinho tentou conter o riso, mas não conseguiu e houve uma gargalhada geral...

***
Outros episódios terão sido protagonizados pelo Prof. Branquinho.
Relatei aqui os principais de que tive conhecimento, deixando o convite aos colegas que conheçam episódios interessantes não só sobre o Prof. Branquinho mas também  sobre outros Professores, ou de colegas nossos, os descrevam e coloquem no blog.
Não esqueçam que recordar é viver.


José Constantino Sequeira

domingo, 16 de outubro de 2011

POR TERRAS DE ÁFRICA


Quando terminei  o curso de Agronomia,  fui para Angola trabalhar no Instituto de Investigação Agronómica que se situava nos arredores do  Huambo (antiga Nova Lisboa). Tendo como sigla IIAA, era conhecido como o Instituto da gargalhada...
Foram tempos vividos com grande empenhamento no trabalho de investigação em curso pois tínhamos um mundo para descobrir e uma multiplicidade de problemas para resolver.
O IIAA tinha centros de estudo em várias zonas de Angola e era sempre com grande interesse e entusiasmo que participávamos nas deslocações a esses centros. 
Durante o tempo em  que estive lá a trabalhar foram-me contados vários  episódios interessantes ocorridos com colegas nossos, alguns dos quais seleccionei  para aqui relatar.

QUAL  É O TRATAMENTO?
Um dos episódios mais interessantes de que tive conhecimento passou-se com um colega nosso mais velho, de nome Ferrão, e que era o Chefe do Departamento de Entomologia.
Um dia, estava ele no seu gabinete, quando entrou de rompante um funcionário, prático agrícola, com uma grande lagarta na mão e a gritar:- Sr. Engenheiro! Veja o que eu encontrei no ensaio do café!
Esse ensaio do café era “a menina dos olhos” de vários Departamentos do IIAA porque se destinava ao estudo da adaptação de cafeeiros ao planalto do Huambo e, como se sabe, o café era uma das principais fontes de riqueza de Angola.
O nosso colega Ferrão, com a calma que lhe era peculiar, olhou para a lagarta e imediatamente a identificou dizendo o respectivo nome em latim.
O funcionário exclamou:-Sr. Engenheiro! O nome da lagarta não interessa, o que eu quero saber é o tratamento que devo aplicar! Isso é que é importante!
O colega Ferrão disse então: - Mas esta lagarta nem costuma atacar o cafeeiro.
Imediatamente o nosso prático agrícola diz: - Se costuma ou não costuma atacar o cafeeiro não sei, a verdade é que ela estava  lá no ensaio!
-Só viu esta ou viu mais alguma?
-Eu corri o ensaio todo, planta por planta e, por enquanto, só vi esta.
-E quer o tratamento para ela?
-Sim, Sr. Engenheiro, isso é que eu agradecia!
-Então veja.
O colega Ferrão, pegou na lagarta, saiu do gabinete e, na rua, colocou a lagarta no chão, esborrachou-a com o pé e disse:
-Pronto já está feito o tratamento!
O funcionário retirou-se pensativo, talvez a fazer conjecturas sobre  a sanidade mental  do Engº Ferrão...

RIZOCTONIA CAFEICOLA?
Outro episódio anedótico foi-me contado por um colega que acompanhou as deslocações de técnicos às zonas de cultura do café. Com o surto da chamada morte súbita do cafeeiro, eram frequentes as deslocações de técnicos do IIAA a essas zonas. Como não se sabia se o problema era de natureza fitopatológica ou se teria por base problemas de solo, de micronutrientes ou outros,  os técnicos que faziam parte dessas missões eram de várias especialidades. Habitualmente ia também um prático agrícola que se mostrava sempre muito interessado em todos os assuntos e escutava com atenção as opiniões dos agrónomos que frequentes vezes questionava. O seu interesse levava-o a ler as publicações sobre o problema da morte súbita e considerava-se até um autodidata com bastantes conhecimentos na matéria.
Numa dessas deslocações, ao ser arrancada uma das plantas mortas, verificou-se a presença de sintomas típicos de um fungo junto à raiz e imediatamente o nosso prático agrícola emitiu a sua opinião:
-Para mim isto é a Rizoctonia cafeicola!
Um  agrónomo micologista que estava presente, perguntou:
-Não quererá dizer  Rizoctonia bataticola?
O prático agricola riu-se incrédulo e disse:
 -Batatícola no café?!!! Por amor de Deus, Sr. Engenheiro... Batatícola é que ela não é de certeza!


UMA BARATA NO CAFÉ
Nas deslocações de técnicos do IIAA à região da Gabela,  era frequente almoçar-se num pequeno restaurante onde uma senhora muito simpática atendia “os senhores engenheiros” com especial deferência.
Num desses almoços, o colega Doutel Serafim, que me contou este episódio, tinha junto de si um agrónomo belga, convidado pelo IIAA a fazer também observações nos cafeeiros afectados, uma vez que tinha trabalhado na cultura do café no Congo ex-belga  e tinha certamente experiênca e conhecimentos sobre os problemas que afectavam o cafeeiro.
Quando no fim do almoço foi servido o café, o colega Doutel Serafim verificou que nadava uma grande barata na chávena do técnico belga. Como este estava em animada conversa com um outro colega e não tinha ainda visto a barata, o nosso colega trocou as chávenas e, discretamente, foi dizer à dona do restaurante o que se tinha passado. Esta pregou logo um raspanete ao empregado gritando:- Parece impossível! Então você serve um café com uma barata lá dentro? E logo para a mesa dos Srs. Engenheiros?
O episódio ficou sanado com a promessa da dona do restaurante de que nunca mais iria acontecer uma coisa daquelas.
Quando no dia seguinte foram almoçar, a dona do restaurente foi rapidamente à mesa onde estavam os nossos colegas e disse:
-Srs. Engenheiros! O problema das baratas está completamente resolvido, graças à minha preocupação. A noite passada estive a matutar  como é que era possível  ir parar uma barata a uma chavena de café e perguntei ao meu marido: - Será que as baratas estão escondidas na máquina do café?
Então, esta manhã  pedi logo ao meu marido para desmontar e limpar a máquina do café e os Srs. Engenheiros nem imaginam os milhares de baratas esmagadas que lá estavam!....
Não sei se nos almoços que se seguiram os nossos colegas pediram café...


O “INSELBERG”
Ainda durante uma das deslocações dos  técnicos do IIAA, aconteceu um outro episódio insólito que me foi também contado por um dos colegas que participava na missão.
No trajecto do Huambo para as zonas de cultura do café, avistava-se na localidade do Alto Hama um afloramento rochoso de grande altura (inselberg) que, na paisagem, se destacava de todo o resto. A primeira vez que o técnico belga viu esse inselberg manifestou grande curiosidade e fez várias perguntas sobre o tipo de rocha que o constituía, qual a sua possível origem,  etc.
Numa segunda visita, esse técnico fez-se acompanhar de uma mala maior que o habitual e, já próximo do tal “inselberg”, perguntou se era possível  ir até lá pois queria observá-lo de perto. Como havia uma estrada que permitia isso, e considerando que seria apenas um pequeno atraso na missão, todos concordaram em ir ver de perto aquela imponente massa rochosa.
Ao sairem das viaturas, repararam que o belga foi à mala buscar umas cordas e vários outros apetrechos, levou-os para junto da rocha e esteve vários minutos a observá-la. Quando lhe perguntaram o que ia fazer,  ele então disse:
-A minha grande paixão é o alpinismo e não posso perder a oportunidade de escalar este rochedo! Não saio daqui sem subir ao topo!
É claro que o pequeno atraso que se previa, transformou-se num atraso de várias horas...

INTELIGÊNCIA ACIMA DA MÉDIA
Este facto insólito não se passou no IIAA mas num outro Instituto angolano e foi-me contado pela colega que o protagonizou.
Essa nossa colega foi admitida como funcionária do Instituto em questão e, a seguir à tomada de posse, o Director disse-lhe que gostaria de ter uma conversa em privado com ela e poderia dirigir-se ao gabinete dele, quando  tivesse oportunidade. Muito naturalmente pensou que seria uma conversa para o Director lhe transmitir esclarecimentos ou instruções sobre  normas de trabalho e procedimentos na instituição.
Contudo, quando falou com o Director, ficou incrédula com o que ouviu:
- Pedi que viesse ao meu gabinete porque  a  colega não me conhece ainda e, por isso, é importante que lhe diga o seguinte:
-Quando estiver a falar comigo, se não conseguir perceber  nada do que eu estou a dizer-lhe, por favor, interrompa-me e peça para eu repetir tudo desde o início porque a culpa não é sua, mas sim minha. E sabe porquê? É porque eu  tenho uma inteligência muito acima da média , e como o meu raciocínio é  extremamente veloz, por mais que tente, não consigo acompanhá-lo com palavras. Compreende?
Não sei se a nossa colega teve de pedir alguma vez ao Director para repetir o que ele estava a dizer...


José Constantino Sequeira